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*Por Maria Luiza Omena
Já é sabido há algum tempo que o conteúdo é rei, contudo ainda há dúvidas sobre a sua importância e o impacto que ele traz aos usuários, referindo-se às publicações nas Mídias Sociais. Como forma de reflexão sobre o poder da linguagem, trago à luz da discussão, a análise do discurso e o diálogo como estreitamento da relação entre marca e consumidor.

Linguagem, dialogismo e marketing – Estreitamento de relações através da produção do texto – forma e conteúdo em sua essência linguística

Mikhail Bakhtin foi um filósofo que estudou a linguagem. Ele a enxergou como um constante processo de interação mediado pelo diálogo – o dialogismo. Esse processo é realizado através dos enunciados (discursos) concretos que ouvimos e reproduzimos na comunicação realizada com as pessoas que compõem nossas relações. Ou seja, a linguagem é compreendida quando há interação entre locutor (o que fala ou escreve) e interlocutor (o que ouve ou lê) em diversas situações (formais ou prosaicas). Nesse contexto, o sujeito é reconhecido como o agente das relações sociais, responsável pelo estilo do discurso, a forma como deseja usar a fala ou a escrita.

O sujeito empregado no contexto do dialogismo é conhecido de enunciados (discursos) anteriores, e se apropria das falas anteriores, citações, referências para redigir seus textos. Ele vai utilizar sempre do contexto social, histórico, cultural e ideológico para poder ser compreendido. O princípio da comunicação é a compreensão, portanto, ela se cria quando a mensagem é passada e entendida, e para isso, deve haver relação de igualdade entre locutor e interlocutor para desenvolver abertura na comunicação e formação de vínculos. A relação de igualdade entre locutor e interlocutor é realizada através da identificação do discurso do locutor que contém as falas, citações e referências presentes no mundo do interlocutor.

O locutor formula seu enunciado a partir das escolhas das palavras apropriadas, que possuem significação no universo do interlocutor para criar uma mensagem compreensível a ele. Em resposta, o interlocutor responde com uma postura ativa àquele enunciado, tanto internamente (pensamentos) como exteriormente (enunciado oral ou escrito). A enunciação é o ato de produzir o enunciado, que é a elaboração do texto pelo locutor impregnada pelas marcas que o constituem como sujeito.

Para o filosofo russo, não existe ninguém sozinho, portanto a presença do outro é que garante o diálogo. Para conversar com o outro, o sujeito se desdobra, considerando a existência do outro nas relações sociais, desta forma, constitui-se uma persona que irá conversar com o interlocutor. Essa persona carrega as muitas vozes que compõe o sujeito, exemplo disso, é o discurso feminista que carrega as inúmeras vozes de outras mulheres.

Mas é preciso frisar que não há somente diálogos entre as vozes sociais e ideológicas entre pessoas, há também diálogo com os gêneros textuais (que são os tipos de textos: narrativa, discursivo, texto para Facebook, Twitter), através das características que fazem do tipo do texto ser um gênero textual determinado.

O conteúdo rei

Um conteúdo de qualidade compreende tanto a forma quanto o sentido. Para atingir o seu consumidor e formar vínculos, o conteúdo deve se apresentar com uma comunicação eficiente, que aborde o universo do consumidor, além de pressupor as reações que essa interação irá provocar nele, ou seja, como ele se comportará emocionalmente com a linguagem.

É importante ter uma relação de igualdade com seu público-alvo, com o uso de uma linguagem adequada ao tipo de suporte que levará a informação. Se o conteúdo for para blogs, o uso de textos corridos, como o uso do gênero textual discursivo-argumentativo, de crônicas ou narrativas são opções viáveis, além de técnicas específicas de SEO que devem ser cumpridas. Caso seja para o Twitter, a mensagem deve ser direta e compreender 140 caracteres, no Instagram, uma legenda criativa e o uso das hashtags para enfatizar o que quer passar ao seu público-alvo, além de facilitar que seja facilmente encontrado, quando o assunto da imagem for buscado.

Portanto, o uso da linguagem é uma via de mão dupla, que compreende a forma e o sentido, voltada sempre para o outro. A preocupação com o conteúdo deve ser sempre para uma melhor expressão da informação, impacto e relação de apropriação que o interlocutor irá identificar com o discurso. O público irá se identificar com que é enunciado, quando houver quebra das expectativas, e através desse processo, iniciar o processo de vínculo, por meio da identificação dos valores trazidos pelas outras muitas vozes, citações e referências presentes no discurso do locutor. Isso quer dizer que a fala do sujeito está impregnada de outras vozes, outras relações, as quais não se desvinculam do social, histórico, cultural e ideológico do universo do interlocutor.

Não há relação sem comunicação e a comunicação nas Mídias Sociais é feita com a produção de conteúdo. Um conteúdo de excelência é aquele que dialoga com seu público, promovendo vínculos e fidelização. Diálogo é discurso, diálogos são as referências, diálogos são outros contextos, dialogo é tudo!

* Maria Luiza Omena é estagiária de Social Media e cria conteúdo para social media e internet

Referências:
Revista Escola

Blog do Tarcízio Silva